O Encontro de dois Mundos nas Obras de Rodrigo Yasuda
Shinkiū
Prazer em conhecer, sou Rodrigo Yasuda, e hoje compartilho com vocês um pouco da minha jornada como artista. Minha história com a arte começa cedo, lá na infância, quando já rabiscava cadernos e mesas na escola, usando o que tivesse à mão – lápis, caneta esferográfica, qualquer coisa que permitisse dar forma às ideias que surgiam. O desenho sempre esteve presente, como uma extensão natural de quem eu sou.
De ascendência japonesa e formado em Desenho Industrial pela FAAP, minha formação acadêmica moldou o rigor técnico que aplico até hoje nas minhas criações. A geometria, a organização e o detalhismo fazem parte do meu processo criativo, mas foi na Escola Panamericana de Artes, em São Paulo, que aperfeiçoei minhas técnicas de desenho. Sempre mantive os sketchbooks por perto, como uma forma de praticar e experimentar livremente.
Foi somente mais tarde na minha trajetória que me aproximei das telas e das tintas. O encontro com o mestre Kaoru Ito, que me ensinou a pintura oriental, foi transformador. Posteriormente, estudei realismo tradicional com o professor Paulo Frade e hiper-realismo com Fabiano Milani. Essas experiências ampliaram meu repertório, e hoje, meu estilo é uma mescla de tudo o que aprendi ao longo desses anos.
Em 2019, comecei a pintar profissionalmente, mas foi apenas em 2022 que realmente senti que estava desenvolvendo minha própria identidade visual. Minha primeira coleção, “Shinkiū”, representa esse marco. O termo japonês significa o novo e o velho, uma perfeita síntese da minha busca por unir tradição e modernidade. Nessa série, retrato figuras que carregam peso histórico para minha ancestralidade – sejam elas reais ou fictícias – e que representam tradições em extinção e novos hábitos emergentes, nem sempre positivos.
Um aspecto que define essa coleção é a presença marcante do preto e do dourado, cores que simbolizam contrastes universais: luz e escuridão, simplicidade e luxo, pobreza e riqueza. Essas dualidades estão no centro da minha reflexão sobre a sociedade contemporânea, e através delas, procuro também entender minhas próprias raízes. "Shinkiū" é uma homenagem aos meus antepassados e uma investigação profunda de símbolos, geometrias e elementos que atravessaram séculos em ilustrações, tecidos e objetos cotidianos, muitas vezes negligenciados.
Através dessa série, convido o espectador a embarcar comigo nessa jornada de autoconhecimento e reflexão cultural. Minhas telas são um reflexo do meu desejo de valorizar o passado enquanto olhamos para o futuro, buscando compreender como esses dois tempos coexistem e se influenciam. Ao misturar as influências orientais com a arte contemporânea, busco criar uma ponte entre mundos, que é, ao mesmo tempo, pessoal e universal.
Hoje, minhas obras são amplamente reconhecidas tanto no Brasil quanto no exterior. Tive o privilégio de participar de diversas exposições coletivas, onde minhas criações receberam a apreciação de públicos variados. E, assim como a arte me permitiu encontrar minha voz, espero que, através dela, eu possa também inspirar outros a descobrir as suas. Acredito profundamente que a arte tem esse poder transformador – não só de contar histórias, mas de criar novas realidades e perspectivas.
