Rodrigo de Castro sempre soube que a arte estava em seu destino, mesmo que o caminho até sua verdadeira vocação fosse sinuoso. Filho do renomado escultor Amilcar de Castro, Rodrigo cresceu em um ambiente onde a arte era o centro das conversas, o que naturalmente moldou sua visão de mundo. Desde cedo, ele desenvolveu uma afinidade especial pela pintura, brincando com cores e formas enquanto também se destacava nas disciplinas exatas, como física, matemática e geometria. Esses interesses contrastantes o levaram à faculdade de engenharia, onde mergulhou no mundo das ciências, sem jamais esquecer o fascínio que a arte lhe proporciona.
A virada de Rodrigo para o universo artístico aconteceu de forma gradual. Durante os anos 80, ele voltou a se dedicar à pintura com mais intensidade, buscando equilibrar sua vida profissional com a necessidade de expressão criativa. Foi nesse período que a pintura começou a ocupar um espaço cada vez mais significativo em sua vida. Em 1988, conquistou o primeiro prêmio no Salão Nacional de Arte de Ribeirão Preto, um reconhecimento que consolidou sua confiança e abriu novas portas em sua carreira. No ano seguinte, ele foi laureado no 11º Salão Nacional de Artes Plásticas da FUNARTE, no Rio de Janeiro, solidificando sua presença no cenário artístico brasileiro.
Rodrigo de Castro, desde então, não parou mais. Realizou exposições individuais e coletivas em diversas cidades do Brasil, como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador e Brasília. Além disso, sua obra transcendeu fronteiras, levando sua arte para lugares como Lisboa, Atenas e Buenos Aires. Essas experiências internacionais ampliaram sua visão artística e enriqueceram suas técnicas e abordagens.
O estilo de Rodrigo é uma celebração da cor. Para ele, a cor é o elemento fundamental que dá vida à sua obra, e seu processo criativo começa justamente na escolha e na criação de tons únicos. Ele não utiliza as cores prontas dos tubos de tinta; em vez disso, passa horas misturando, experimentando e descobrindo novas nuances que traduzem com precisão suas emoções e pensamentos. Esse cuidado com as cores reflete sua profunda conexão com o que ele chama de "linguagem pessoal" — um meio de comunicação que vai além das palavras e toca diretamente a alma de quem observa.
A relação entre cor e espaço é outro aspecto crucial em sua arte. Rodrigo vê a tela como uma janela para o mundo, onde as cores se equilibram de maneiras que provocam reações sensoriais e emocionais. Cada escolha cromática e cada composição são cuidadosamente planejadas para criar uma harmonia que ressoe com o espectador, estabelecendo um diálogo silencioso entre a obra e o observador.
Quando questionado sobre a dinâmica entre o geométrico e a cor em seu trabalho, Rodrigo compartilha uma visão profunda: "Se tomarmos a geometria como um capítulo da filosofia, como assim entendiam os gregos, vamos encontrar o pensamento humano em elevado grau de exatidão, beleza e complexidade. O teorema de Pitágoras, as relações da circunferência e a proporção áurea são alguns exemplos. É a geometria em estado puro, que uma vez desvendada pode ser traduzida pela matemática e registrada em fórmulas. É ciência. Não é arte. Seus princípios podem e são utilizados na engenharia, na arquitetura e na medicina."
Ele continua explicando que, nos anos 50, a Escola de Ulm, fundada por Max Bill para promover os princípios da Bauhaus, acreditava ser possível fazer arte a partir de equações matemáticas, descartando a emoção e o lado sensível do artista. No Brasil dos anos 60, essa discussão gerou dois grupos — Concretos e Neoconcretos —, com os primeiros mais próximos das teorias de Max Bill e os neoconcretos fortemente discordando.
Rodrigo acredita que a arte cria uma forma de diálogo silencioso, onde as cores falam e os olhares ouvem. Seu trabalho, sustentado por uma paleta cromática vibrante e uma simplicidade estrutural, evoca sentimentos de harmonia e força. É esse equilíbrio delicado, essa habilidade de transformar o ordinário em extraordinário, que faz de Rodrigo de Castro um dos grandes nomes da arte contemporânea. Sua obra enriquece o mundo das artes visuais e convida o público a enxergar o mundo sob uma nova perspectiva, onde a cor e a forma se entrelaçam para criar uma experiência verdadeiramente única.