A Criação por Trás de uma Obra
Regina Mandarino
Regina Mandarino é uma artista carioca que se destaca pela sua carreira nas artes plásticas, mas também por sua experiência como musicoterapeuta e psicanalista. Desde a infância, Regina nutre uma paixão pela expressão artística, que se consolidou a partir de 1985, quando iniciou seus estudos em pintura a óleo. A natureza sempre foi uma inspiração constante em seu trabalho, moldando sua abordagem única e sensível
Ao longo de sua trajetória, Regina explorou tanto a simplicidade das paisagens cotidianas quanto a complexidade das relações humanas, utilizando uma variedade de técnicas e materiais. Sua arte reflete uma interação profunda entre música, psicanálise e pintura, criando composições ricas em emoção e significado. Recentemente, seu trabalho tem evoluído para uma abordagem mais intuitiva, incorporando novas técnicas e desafios artísticos.
"A Criação por Trás de uma Obra" nos convida a explorar a visão artística de Regina Mandarino, desvendando as inspirações, as emoções e o processo criativo que deram forma à obra "A Pequena Escolha de Maria." Mergulhe nas camadas de significado e nas escolhas sutis que transformaram uma ideia em uma composição profundamente evocativa.
"A Pequena Escolha de Maria"
A criação da obra "A Pequena Escolha de Maria" surgiu de maneira orgânica, onde o processo criativo e a narrativa se desenvolveram a partir da experiência da própria artista. Regina começou sem grandes pretensões, escolhendo os materiais de forma intuitiva, utilizando uma tela, diferentes pincéis e uma combinação de tinta acrílica e aquarela para dar vida à obra.
No início, o foco era um simples esboço de um sofá, que aos poucos ganhou cor em tons de cinza. Esses tons guiaram Regina a explorar uma paleta complementar, incorporando rosa, branco, bege, verde, amarelo, champagne e azul. Após semanas de trabalho, enquanto revisava suas anotações e observava o sofá acinzentado, Regina tomou a decisão de incluir uma mulher na cena. Relaxada e à vontade em um roupão, a figura feminina trouxe novos desafios e diálogos entre as cores, que gradualmente moldaram a composição.
Regina reconhece que, apesar de seu recente foco em abstração, essa obra marca um retorno ao figurativismo. A cena, embora elaborada, se desenvolveu naturalmente, evocando memórias de Edward Hopper, cujas representações da solidão influenciaram profundamente o trabalho de Regina. No entanto, ao contrário de Hopper, que pintava a solidão associada à tristeza, Regina enxerga essa solidão como uma pausa das imposições do cotidiano, um momento de escuta e contemplação.
A inspiração também veio de uma passagem bíblica sobre as irmãs Marta e Maria, que se colocam em posições diferentes ao receberem Jesus em sua casa. Enquanto Marta se ocupa com afazeres, Maria escolhe ouvir, pausando para contemplar e aprender. Essa escolha de Maria, simples e sem pretensões, ressoou profundamente com Regina durante a criação da obra, unindo o intencional ao espontâneo.
Por fim, a experiência de criar "A Pequena Escolha de Maria" se tornou para Regina uma jornada onde luz e sombra se entrelaçam, transformando a vivência em imagem. A obra reflete uma narrativa visual, mas também as camadas de inspiração que fogem à compreensão plena, oferecendo ao observador uma janela para a profunda e complexa relação entre a artista, suas influências e a arte.
