Prazer em Conhecer sou Neuza Petti e minha trajetória na arte não seguiu um caminho linear, mas sim, um percurso sinuoso e cheio de recomeços. A arte sempre esteve presente em minha vida, como um fio invisível que nunca se rompeu, mesmo quando os desafios da vida cotidiana tentaram ofuscar seu brilho. Durante a pandemia, essa conexão se fortaleceu de forma inesperada. Foi um momento de introspecção e renovação. Mudei-me para a praia, um refúgio onde construí meu ateliê e, rodeada pela serenidade do mar, reencontrei minha essência criativa.
Minha formação como arquiteta na Universidade Mackenzie foi um marco fundamental no meu desenvolvimento artístico. Tive a honra de estudar com mestres como Wesley Duke Lee, cuja visão inovadora me presenteou com uma gravura de sua premiada fase das ligas na Bienal de Veneza. No ano seguinte, as aulas com Ubirajara Ribeiro, uma autoridade na cor e na aquarela, abriram meus olhos para as nuances e possibilidades infinitas dessa técnica que, anos depois, se tornaria uma de minhas maiores paixões.
Antes disso, meu interesse pelas cores e suas potencialidades já havia sido despertado por Rebolo, durante meu trabalho com arquitetura de interiores. Sua abordagem à pintura de paredes não era apenas técnica, mas profundamente artística, uma lição que carrego até hoje em cada pincelada que dou. Essa base me levou à Escola Brasil, um espaço vibrante de experimentação e liberdade criativa, onde tive a oportunidade de conviver com gigantes da arte como Zé Resende, Baravelli, Fajardo e Frederico Nasser. A energia e a efervescência artística da Escola Brasil eram únicas, e a experiência que vivi ali moldou meu olhar e minha forma de fazer arte.
Mais tarde, meu reencontro com Ubirajara Ribeiro, desta vez no curso de aquarela do MASP, foi decisivo. Ele aprofundou minha compreensão das aguadas, da luz e das transparências, elementos que passaram a definir meu trabalho. A aquarela, com sua delicadeza e complexidade, tornou-se não apenas uma técnica, mas uma linguagem através da qual expresso o efêmero, o sensível, o que está além das palavras.
Hoje, ao olhar para trás, vejo como cada experiência, cada desafio e cada vitória contribuíram para que eu me tornasse a artista que sou. A convivência com mestres e colegas talentosos, a formação rigorosa e as lições da vida pessoal se entrelaçaram para formar uma trajetória marcada pela resiliência, pela paixão e pelo compromisso com a arte.
A arte, para mim, é uma forma de existir, de resistir e de transformar o mundo ao meu redor. E é essa visão que espero compartilhar com todos que se deparam com meu trabalho. Que minhas aquarelas possam tocar o espectador de maneira profunda, revelando a beleza sutil da vida e a complexidade das emoções humanas.