A Alegria como Ato de Resistência

Meiry Lucy

À primeira vista, a arte de Meiry Lucy é um antídoto para tempos sombrios. Suas telas vibram com uma geometria otimista, cores puras e uma sensibilidade naïf que evoca uma alegria desarmante. Mas por trás dessa fachada de leveza, pulsa uma das mais urgentes missões da arte contemporânea. Sua obra não é uma fuga da realidade brutal da devastação amazônica; é a sua mais sofisticada e radical resposta.
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Autodidata, nascida no Rio de Janeiro e radicada em Teresópolis, Meiry construiu uma trajetória singular ao unir duas linguagens que raramente coexistem com tamanha harmonia: o naïf e o geométrico. Sua união singular entre o naïf e o geométrico cria um lugar onde o encantamento visual se torna veículo para mensagens urgentes.
Ao abordar a Amazônia, Meiry Lucy faz da arte um manifesto silencioso, porém potente. Suas cores vibrantes despertam no espectador algo ancestral — como se, ao contemplar sua obra, o corpo reconhecesse a mata antes mesmo da mente. Talvez por isso a artista escolha os pássaros como seus companheiros simbólicos, uma predileção que revela tudo: quando questionada sobre o que pintaria se pudesse viver um mês na floresta, não hesita: “Pintaria pássaros”. Para ela, eles são o símbolo do que ainda pode voar, do que ainda pode ser salvo.
Se a floresta pudesse ouvir, Meiry falaria com versos e cores: “Nos teus rios quero navegar / O teu ar quero respirar / A tua beleza quero apreciar.” Há poesia no que ela diz, mas há também urgência. Sua arte, embora encantadora, não ignora a ferida; pelo contrário, ela a traduz. “Não queiram os meus bens — queiram o meu bem”, clama a Amazônia em sua voz, e a artista ecoa esse grito com delicadeza e firmeza, como quem semeia esperança em solo exausto.
Sua produção, portanto, não busca apenas embelezar paredes — ela quer tocar mentes e provocar reflexão. É uma arte que sorri, mas que também desafia; que seduz, mas que também convoca. Ao transformar sua indignação em formas harmônicas, Meiry Lucy nos lembra que o belo também pode ser subversivo e que é possível, sim, reencantar o mundo natural mesmo diante da devastação. Sua obra é a materialização de uma crença: "protegendo a Amazônia, estaremos salvando o mundo."
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