Soy Panadero que Quiere Volar

Gianella Riephoff

No emaranhado de cores e texturas, onde a criação encontra a alma, Gianella Spagnuolo Riephoff nascida no Uruguai e atualmente radicada em Florianópolis/Santa Catarina - Brasil, não seguiu o caminho convencional da arte acadêmica. Desde os primeiros traços na infância, quando uma simples aquarela pintada com um estojo dado pela tia se transformou em um mundo novo, Gianella encontrou na arte sua verdadeira essência. Criada no Uruguai, ela foi moldada pela força da natureza ao seu redor e pela criatividade que fluía através de materiais simples, mas carregados de significados. Essa conexão primitiva com a terra e a matéria se refletiria em cada obra que viria a criar.
O encontro com a tinta a óleo, ainda aos 12 anos, marcou um ponto de virada. Receber o antigo estojo de um pintor falecido foi como receber uma herança espiritual. Ali, nascia a artista que, anos mais tarde, abraçaria a liberdade da tinta acrílica e desenvolveria um estilo próprio, carregado de dinamismo, espontaneidade e paixão. Gianella nunca quis se prender a uma técnica ou a uma escola de arte. Em vez disso, deixou que a intuição guiasse suas mãos e sua mente. Sentava-se diante da tela em branco, observava-a por horas, buscando no fundo de sua alma o impulso inicial. E então, o movimento surgia, explodindo em cores e formas que revelavam mundos ocultos.
O estilo de Gianella é profundamente abstrato, mas há sempre um toque figurativo que convida o observador a descobrir pequenos universos dentro de cada obra. Suas criações são uma harmoniosa fusão entre controle técnico e liberdade criativa, onde as camadas de tinta acrílica se sobrepõem para criar uma narrativa visual que prende o olhar e a imaginação. A espontaneidade, aliada a uma paleta vibrante, é a assinatura da artista, que constantemente desafia as convenções ao se libertar de esboços prévios e se lançar no desconhecido.
E é nos "Panaderos" (dente-de-leão), símbolos que ancoram sua infância no campo, que Gianella encontra inspiração e força. "Sempre que me perco e não consigo me alinhar na energia das tintas, me solto nos 'Panaderos'. Eles me fazem viajar para mundos incríveis que me deixam ser exatamente como sou." Esses elementos, carregados de nostalgia e liberdade, se tornaram uma âncora emocional e artística, guiando sua criação e liberando sua imaginação.
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Em uma parceria inovadora com o artista Sérgio Canfield, Gianella desenvolveu o projeto "PARADOXUM", uma série de obras criadas a quatro mãos, onde as energias de ambos se fundem em composições imponentes. Essa colaboração, realizada entre 2023 e 2024, resultou em doze obras, culminando em uma gigantesca tela de quatro metros, que expressa a dualidade e a complementaridade dos dois artistas. O "PARADOXUM" representa uma síntese de forças opostas, unidas pela arte em uma dança harmônica.
A história de Gianella é marcada por exposições e eventos que revelam uma artista em constante evolução. Desde a sua primeira exibição em Montevidéu, no Centro de la Cultura, em 1986, até as mais recentes mostras no Brasil, Gianella construiu um currículo impressionante, expondo em locais como a Caixa Econômica Federal de Caçapava e o Shopping Center Interlar, em São Paulo. A cada nova exposição, a artista reafirma seu compromisso com a arte como forma de expressão e transformação.
Em sua própria definição, Gianella afirma: "Não sou caixa... sou arte, sou segredos. Sou objeto. Sou terra, semente e água. Sou fruto da arte que me alimenta. 'Soy Panadero que quiere volar'. Sou semente que quer quebrar a dormência. Sou Gianella." Essa declaração encapsula a essência de sua jornada artística—uma busca contínua por liberdade e autenticidade, onde cada pincelada é uma expressão do seu ser mais profundo.
O impacto de Gianella no mundo da arte vai além das suas exposições. Sua capacidade de inspirar outros artistas e conectar-se com o público através de suas obras é notável. Gianella acredita que a arte tem o poder de transformar e conectar as pessoas em níveis profundos e inexplicáveis. Ela continua a explorar novas técnicas e a desafiar seus próprios limites, sabendo que a arte não é algo que pode ser confinado em uma caixa, mas sim uma força viva e pulsante, pronta para voar como o "Panadero" que a inspira.
Ao longo de sua carreira, Gianella não apenas criou obras, mas também se tornou uma parte vital da paisagem artística contemporânea, onde suas contribuições ressoam e inspiram uma nova geração de criadores. Ela é, sem dúvida, uma figura essencial no cenário artístico, cuja obra, cheia de vida e movimento, continua a despertar admiração e reflexão.
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