Fotografia em Estado de Alma
Carol Cavalcanti
E se a fotografia fosse menos um espelho da realidade e mais um sismógrafo da alma? Carol Cavalcanti nos convida a escutar com os olhos, a pausar diante daquilo que quase passa despercebido. Suas imagens — silenciosas, texturais, rarefeitas — não gritam, sussurram. Em cada clique, a artista transborda sensibilidade e arquitetura poética, tornando visível o que o mundo apressado costuma ignorar.
Carol não fotografa paisagens. Ela as escuta. Com sua câmera, transforma o visível em verso, traduzindo o efêmero em permanência. Sua fotografia é a arte de reter o instante — não o instante óbvio, mas aquele que se insinua e só se oferece a quem desacelera o olhar.
Com 14 anos de trajetória, pós-graduação em Fotografia e Audiovisual, e formações no Brasil e no exterior, Carol desenvolve uma obra autoral e delicadamente revolucionária. Sua câmera não persegue o espetáculo — persegue o intervalo, a ausência, a sugestão.
Em Paris, ela caminha contra o fluxo. Busca não a cidade-luz das multidões, mas a geometria do silêncio, o fragmento suspenso, a pele urbana que pulsa em preto e branco. Cada imagem é uma respiração contida — um instante entre o antes e o depois.
Nos Lençóis Maranhenses, sua série Versos do Vento é um ensaio sobre leveza e intuição. O vento modela as dunas como mãos que escrevem versos invisíveis. A ausência torna-se presença, e a paisagem não apenas mostra — sussurra.
No Jalapão, Carol encontra uma metáfora viva para os estados internos. A fotografia se transforma em abrigo: luz, poeira e memória condensadas em silêncio. Cada registro é uma oração íntima entre rocha, vento e tempo — uma celebração do invisível que permanece.






Suas obras são janelas abertas à contemplação profunda, onde a arte não ilustra: dialoga. São imagens que não querem convencer — querem acolher.
Em tempos de excesso visual, Carol Cavalcanti oferece refúgio. Um espaço de escuta. Um convite à presença.
Instagram: @carolcavalcanti.photos


