Memórias de Papel Machê

Bia Petraru

No picadeiro silencioso de uma sala de exposição, as criações de Bia Petraru se alinham, vibrantes, como se aguardassem o toque inaugural dos olhos. Não há cortinas, mas uma explosão de cores: vermelhos fantásticos, amarelos solares, azuis irreverentes. A artista — hábil arquiteta de papel machê, brilho e gesto — ergue um universo lúdico em que cada peça irradia não apenas técnica, mas pulso vital.
artnow-report-arte-de-todas-as-formas-art-artistic-obra-de-arte-a-melhor-revista-de-arte
artnow-report-arte-de-todas-as-formas-art-artistic-obra-de-arte-a-melhor-revista-de-arte
artnow-report-arte-de-todas-as-formas-art-artistic-obra-de-arte-a-melhor-revista-de-arte
Aqui, o circo é a própria essência em movimento. Figuras de palhaços, carregadas de infância e saudade, surgem entre texturas e volumes. Cada relevo é como uma gargalhada capturada, cada olhar pintado esconde fragmentos de nostalgia e esperança. O papel reciclado, transformado por suas mãos em matéria de sonho, revela que até o ordinário pode ressurgir com protagonismo e dignidade quando reinventado pela arte.
Seus palhaços não são caricaturas; são personas. Trazem nas faces a alegria inventada, a melancolia contida, o deslumbramento diante do simples. Olham para o espectador com a sabedoria silenciosa de quem entende o jogo entre o riso e o mistério. Sua formação em Desenho Industrial pela FAAP confere um rigor composicional que sustenta a aparente espontaneidade, permitindo que a leveza do papel machê ganhe uma presença escultural inquestionável.
Sob o fio invisível que liga cada escultura, o circo de Bia Petraru celebra a beleza cotidiana sem jamais perder o refinamento. O gesto do papel que se curva, refletido por luzes e sombras, é uma coreografia íntima entre técnica e sensibilidade. Nas camadas sobrepostas, transitam emoções: a alegria pronta para saltar do picadeiro, a ternura dos tons suaves, a surpresa do inesperado. É uma arte que é espetáculo, mas também refúgio.
artnow-report-arte-de-todas-as-formas-art-artistic-obra-de-arte-a-melhor-revista-de-arte
artnow-report-arte-de-todas-as-formas-art-artistic-obra-de-arte-a-melhor-revista-de-arte
artnow-report-arte-de-todas-as-formas-art-artistic-obra-de-arte-a-melhor-revista-de-arte
Contemplar uma obra de Bia é participar de um espetáculo sem início ou fim, onde o circo de sua criação se estende no olhar, no afeto, na memória do que foi vivido e do que ainda pode ser inventado. Com a maestria de quem sabe pintar o encanto sobre a matéria mais humilde, Bia Petraru nos ensina que o espetáculo continua — e que, talvez, a verdadeira resistência resida naquilo que nos faz sorrir sem pressa.
artnow-report-arte-de-todas-as-formas-art-artistic-obra-de-arte-a-melhor-revista-de-arte
artnow-report-arte-de-todas-as-formas-art-artistic-obra-de-arte-a-melhor-revista-de-arte
error: Content is protected !!