A Onça Vai na Frente

Amanda Medeiros

Ela está de costas. Silenciosa. Como se tivesse acabado de atravessar a mata e, antes de sumir de vez, parasse por um instante para sentir o mundo atrás de si. A onça pintada de Amanda Medeiros não precisa nos olhar para nos atravessar. Sua presença ocupa a tela como um sussurro de poder, um alerta que respira. Ela não ruge, mas reverbera.
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A nossa capa é uma pintura que observa sem olhar, que fala sem dizer, que pede cuidado mesmo quando impõe respeito. E Amanda Medeiros, conhecida por representar rostos humanos com maestria técnica e sensibilidade visceral, encontra agora nos animais um novo território de expressão.
A artista confessa que o momento mais inesquecível dessa criação foi mergulhar nos detalhes da pelagem: “Cada ponto de brilho, cada mancha escura sobre o dourado, tudo me fazia sentir uma com a figura”. E é exatamente isso que sua pintura entrega: uma fusão íntima entre a artista e o animal, como se, por meio da onça, Amanda tivesse encontrado uma nova maneira de falar sobre si mesma — e sobre o Brasil.
Na figura da onça pintada, ela viu mais do que um ícone nacional. Viu a força que carrega a vulnerabilidade, o símbolo de uma floresta ameaçada e, ao mesmo tempo, imponente. Viu a contradição entre beleza e risco, entre soberania e fragilidade. Viu o reflexo da própria Amazônia — e talvez, de toda a nossa identidade.
Há uma tensão controlada nessa obra. O fundo escuro que envolve a onça parece expandir seu silêncio. A ausência de olhos voltados ao leitor desafia o hábito da contemplação frontal. É uma onça que não posa, não performa — segue em frente. E nesse gesto simples, Amanda inaugura um novo capítulo em sua trajetória: a arte como caminho, não como vitrine.
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No limite entre a contemplação e o manifesto, a onça de Amanda Medeiros não nos encara — mas nos convoca. Não há sangue, nem floresta em chamas. Há algo mais sutil e, por isso, mais urgente: a presença. A lembrança de que ainda está aqui. Que ainda podemos vê-la. Que ainda há tempo.
Se a arte é capaz de preservar o que o mundo ameaça apagar, então Amanda nos oferece um retrato de resistência — que caminha, com as costas à mostra, para dentro da eternidade.
No final, a artista define sua obra não como alerta, mas como "um símbolo de contemplação". E essa é a nossa declaração. Convidamos você a contemplar esta imagem. A ver a beleza que não precisa se exibir, a força que reside na quietude e a vulnerabilidade que exige nosso respeito. Esta onça de costas não nos ignora. Ela nos confia o seu silêncio. E nos pergunta, sem precisar se virar, se somos dignos dele.

As Capas que Fizeram História

De Milton Nascimento ao vermelho vibrante de Code Red, passando pela sofisticação atemporal de Coco Chanel e pela celebração da história da ArtNow Report — cada capa assinada por Amanda Medeiros é um retrato de experiências que atravessam o tempo.
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Instagram: @artes_medeiros
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