O voo pictórico de
Petterson Silva
Nas telas de Petterson Silva, o instante se eterniza. Cada pena, cada reflexo de luz sobre o olho de uma arara, cada sombra projetada pela curva das asas — tudo é capturado com uma precisão quase impossível, como se o artista tivesse aprendido não apenas a observar, mas a respirar no mesmo compasso da natureza. Seu hiper-realismo não é mera técnica: é uma forma de devoção.



Criado entre o verde profundo e os rios de Mato Grosso, Petterson cresceu como quem dialoga com a floresta. Pescando, contemplando e ouvindo os estridentes psitacídeos admirando o grafismo Indígena e a arte plumaria, desde cedo entendia que natureza não é um cenário, mas uma presença. Essa intimidade com a paisagem moldou não apenas seu olhar, mas também sua paleta. Nos seus quadros, a Amazônia não é pintada — ela pulsa.
Influenciado por mestres como Portinari, Tiziano e Caravaggio, aprendeu a construir narrativas com luz e sombra. O chiaroscuro que adota não serve apenas para destacar formas, mas para dramatizar a experiência: o voo de um tucano pode surgir de uma penumbra densa, como se atravessasse o limiar entre o visível e o imaginado.
Petterson não se contenta com a fidelidade da imagem. Ele busca a fidelidade da emoção. Observa durante dias uma ave, absorvendo sua postura, seus gestos, a vibração cromática que só o olhar persistente consegue decifrar. Ao pintar, não reproduz: interpreta. É por isso que suas obras, embora rigorosamente exatas, não são frias — ao contrário, têm calor, ritmo, um sopro vital que escapa da tela.
Reconhecido internacionalmente, Petterson Silva coleciona prêmios que atestam seu talento e dedicação. Do Primeiro Lugar no Salão Brasileiro de Arte em Liechtenstein, ao Prêmio Giulio Cesare em Roma, até a honraria Top Of Mind International Award em Londres, seu trabalho ultrapassa fronteiras, ecoando o valor de sua arte para além da Amazônia.


A espiritualidade é seu alicerce silencioso. Cristão convicto, vê no ato de pintar uma oração que se traduz em cor. “Pintar é expressar gratidão”, diz, e talvez seja essa reverência que explica a ausência de arrogância em sua técnica impecável. Ele sabe que cada tom, cada detalhe, é antes de tudo um empréstimo da criação divina.
Ao contemplar uma obra sua, o espectador não apenas reconhece a beleza de uma espécie: sente-se convocado a protegê-la. O hiper-realismo de Petterson é também um manifesto ecológico — não panfletário, mas sensível. Ele nos lembra que a sobrevivência dessas aves depende de escolhas humanas, e que a arte pode ser ponte entre fascínio e consciência.


