Entre o real e o imaginado, entre linhas retas e curvas fluidas, Murilo Frade desenha novas perspectivas sobre o mundo. Não se trata de uma mera reprodução da realidade desértica e cosmopolita, mas sim de uma interpretação, onde o concreto e o abstrato se encontram e as linhas rigorosas da arquitetura se dissolvem em pinceladas ousadas. Mais do que um arquiteto, ele é um intérprete das cidades modernas, alguém que desafia o comum e faz da paisagem urbana uma tela para experimentações, onde formas e cores encontram novas expressões. Em cada criação, Murilo busca traduzir a arquitetura visível e o ritmo pulsante das paisagens urbanas, com toda sua complexidade e dinâmica. E foi essa exploração que ele levou adiante ao se deparar com o vasto cenário dos Emirados Árabes Unidos.
Para Murilo, a arquitetura de Dubai representa o auge da modernidade e do futurismo, um contraste direto com as cenas urbanas das grandes cidades brasileiras. Desafiar-se a representar essa paisagem foi uma oportunidade de expandir seus próprios limites artísticos. Ainda que suas criações urbanas tenham o estilo abstracionista como pano de fundo, Dubai trouxe um desafio único: traduzir uma cidade onde o abstrato já se torna parte da realidade. “A realidade de algumas edificações de Dubai converge exatamente para a distorção das formas e volumes que utilizo em minhas obras,” diz o artista. Esse encontro entre o que é e o que pode ser tornou-se não só uma meta, mas um novo ponto de partida para Murilo.
A arte de Murilo não se limita às construções; ela abraça a ideia de um diálogo contínuo entre culturas. Ele vê a globalização como um campo fértil para trocas artísticas e enriquecimento mútuo, onde as diferenças entre Brasil e Emirados Árabes Unidos, em termos de tradição, cultura e visão artística, trazem novos desafios e inspirações. "Todo diálogo entre artistas de diferentes países é sempre salutar, e eu diria até necessário em tempos de globalização," afirma Murilo. Essa troca é uma forma de expandir horizontes e agregar novos elementos e influências a cada nova criação.
Dubai, com sua arquitetura icônica e futurista, ofereceu um desafio particular para o artista. Traduzir essa realidade em sua linguagem abstrata, sem perder a identidade do lugar, foi um exercício de equilíbrio entre a fidelidade à sua visão artística e o reconhecimento dos elementos emblemáticos da cidade. A distorção, que já fazia parte de sua linguagem, encontrou em Dubai um eco na própria realidade arquitetônica, criando uma simbiose fascinante entre arte e arquitetura.