A Arte Viva de
Teresa Pessoa
A obra de Teresa Pessoa é um convite para atravessar camadas—não apenas de resina epóxi, sua matéria-prima favorita, mas de sensações, lembranças e um profundo respeito pela natureza. Suas criações não se contentam em ser observadas; elas exigem ser sentidas, como se cada peça carregasse a pulsação de um instante congelado no tempo. Nascida em Ribeirão Preto, Teresa cresceu cercada por uma atmosfera criativa, onde a expressão artística não era apenas um ofício, mas uma herança familiar. Esse ambiente fértil a levou a explorar, desde cedo, diferentes formas visuais, um percurso que mais tarde se aprofundaria com sua formação em Artes Plásticas na FAAP/SP.
Foi na experimentação acadêmica que Teresa encontrou na resina epóxi um universo de possibilidades. Fascinada pela transparência, tridimensionalidade e fluidez desse material, ela transformou sua prática em um laboratório sensorial, no qual a resina captura luz, cor e a essência do movimento. E essas histórias frequentemente remetem ao seu maior campo de inspiração: a natureza. Do azul denso dos oceanos ao reflexo dourado do sol sobre a água, suas composições evocam paisagens em mutação, memórias líquidas de um mundo orgânico que precisa ser preservado.
Teresa não vê sua produção apenas como um objeto de contemplação, mas como um componente vivo no contexto arquitetônico. Suas criações interagem com o ambiente, seja em grandes painéis translúcidos que filtram a luz de maneira orgânica, seja em esculturas que incorporam elementos naturais, como madeira e pedra, promovendo uma conexão entre o homem e seu entorno. Seu trabalho propõe uma nova relação entre arte e arquitetura, expandindo-se para além das paredes e transformando a percepção dos espaços.
A transparência e a tridimensionalidade de suas peças evocam a fluidez da água, criando uma sensação de movimento e profundidade que pode ser integrada a projetos contemporâneos. Inspirada pela proximidade com o Lago Paranoá, Teresa captura a leveza do reflexo da luz sobre a superfície aquática, trazendo para interiores uma atmosfera serena e envolvente. Ao interagir com a iluminação natural e artificial, suas obras modificam a dinâmica dos ambientes ao longo do dia, oferecendo novas experiências visuais.
Além do impacto estético, Teresa enxerga na arte uma oportunidade de integrar sustentabilidade ao design de interiores e à arquitetura. O uso de materiais reutilizados, como madeira resgatada e pedras naturais, confere autenticidade a suas criações e estimula um olhar renovado sobre o reaproveitamento de recursos. Para ela, arte e consciência ambiental devem caminhar juntas, incentivando práticas mais responsáveis.
“Ao optar por materiais naturais e técnicas que minimizam o desperdício, criamos ambientes que respeitam e harmonizam com o meio ambiente”, explica Teresa. Essa abordagem ressoa profundamente na arquitetura contemporânea, que busca integrar elementos orgânicos para criar espaços mais acolhedores, equilibrados e sustentáveis.
Teresa percebe um movimento crescente de valorização das artes de ofício e do uso de materiais sustentáveis na construção de ambientes que respeitam a essência do ser humano e do planeta. No entanto, o avanço da tecnologia também abre portas para novas interações, como a aplicação de resinas translúcidas em projetos de iluminação ou a fusão entre arte digital e espaços físicos. Nessa interseção entre inovação e tradição, sua obra ganha novas possibilidades, expandindo os limites da criatividade.
Seu trabalho é um testemunho da capacidade transformadora da arte, que não apenas embeleza, mas redefine a forma como percebemos e habitamos os ambientes. Teresa propõe diálogos e ressignifica a relação entre o ser humano, a arte e o meio construído.
"Existe um desejo de reconexão com as origens e uma necessidade de práticas que respeitem a Terra", observa. Para Teresa, encontrar o equilíbrio entre inovação e tradição será um dos grandes desafios da arte contemporânea.
