O Vermelho Insubmisso
Gianella Riephoff
Se a arte é a linguagem da alma, Gianella Riephoff fala com o coração escancarado. Uruguaia de nascimento, radicada em Florianópolis - Santa Catarina - Brasil, ela construiu seu repertório artístico com base nas experimentações e empirismo, revelando a paixão de uma vida em constante movimento. A partir daí, desenvolveu seu dialeto próprio, feito com cores fortes e pinceladas dinâmicas.
Os primeiros traços, ainda na infância, foram um prenúncio do que viria. Ainda que tenha iniciado sua trajetória profissional no desenho publicitário, a paixão pela pintura sempre ardeu em seu interior. Gianella buscou aprimoramento técnico em cursos livres e, movida por uma sede insaciável de conhecimento, tornou-se uma pesquisadora incansável da arte, da paisagem e da crítica social. Transformando o conhecimento em matéria prima para a sua arte.
O estilo de Gianella desafia rótulos, transitando entre a abstração e a figuração. Suas telas são um campo de batalha onde o controle técnico e a liberdade criativa se enfrentam e se reconciliam. Camadas de tinta, aplicadas com vigor e espontaneidade, criam narrativas complexas e cativantes. A paleta vibrante, com cores complementares que se harmonizam em um equilíbrio dinâmico, é uma assinatura inconfundível da artista. É na tela que Gianella se encontra.
E o vermelho? Ah, o vermelho! Para Gianella, o vermelho não é apenas uma cor, é a própria vida. É energia, paixão, um abraço caloroso. "Em pinceladas fortes ou em pequenos detalhes, ele sempre está presente nas minhas obras", revela a artista. "Hipnótico e irreverente, ele é como uma extensão do meu íntimo para as pinceladas das minhas telas, nas quais me jogo de cabeça e com paixão."
Questionada sobre o impacto do vermelho em sua obra, Gianella responde com a sinceridade que a define: "Eu sou o próprio VERMELHO… sou cada pincelada dele que desliza e se impregna na tela em branco. Cabe a cada espectador decidir qual o impacto que esse encontro (tela/tinta/espectador) produz nele. Cabe a mim, me jogar por inteira nessa tela."
O vermelho em Gianella Riephoff não é um acessório, mas sim uma força motriz. Ela reconhece o poder dessa cor, sua capacidade de dominar o olhar e evocar diferentes emoções, mas prefere não racionalizar o processo criativo. "Quando pinto minhas telas não penso exatamente no que vou transmitir", explica. "Eu deixo a tela em branco conversar comigo e assim entrando em sintonia com ela que surgem as pinceladas. É assim nas telas, é assim com o vermelho. Ele surge, a tela pede eu respondo." Assim flui o vermelho de sua alma.
A trajetória de Gianella é pontilhada por exposições e eventos que atestam sua constante evolução. Desde sua primeira mostra em Montevidéu, em 1986, até as mais recentes exibições no Brasil, a artista construiu um currículo impressionante, expondo em diversos espaços e conquistando admiradores por onde passa.
Gianella Riephoff é uma força inspiradora. Sua obra, autêntica e carregada de emoção, continua a pulsar nos corações e mentes daqueles que se permitem mergulhar em seu universo particular. E o vermelho, sempre presente, como um lembrete constante de que a vida, assim como a arte, deve ser vivida com paixão e intensidade. Como o pulsar do vermelho, viva e intensa!

