Ellis Monteiro
E o Ritmo da Argila
Ellis Monteiro não molda apenas a argila; ela escuta o barro, compreende seus limites e transforma essa interação sensível em peças que ultrapassam a mera funcionalidade, elevando-se à condição de narrativas poéticas. Sua cerâmica, fruto de um encontro fortuito e aperfeiçoada por uma busca incessante por expressão, carrega a marca do toque humano, ressignificando tempo, memória e a própria essência do fazer artesanal. Suas mãos são ferramentas primordiais, traduzindo sentimentos e conceitos em formas orgânicas, onde texturas e imperfeições revelam a alma do material. Longe de serem objetos utilitários, suas criações são manifestações poéticas do gesto, da matéria e da passagem do tempo.
Ellis Monteiro não molda apenas a argila; ela escuta o barro, compreende seus limites e transforma essa interação sensível em peças que ultrapassam a mera funcionalidade, elevando-se à condição de narrativas poéticas. Sua cerâmica, fruto de um encontro fortuito e aperfeiçoada por uma busca incessante por expressão, carrega a marca do toque humano, ressignificando tempo, memória e a própria essência do fazer artesanal. Suas mãos são ferramentas primordiais, traduzindo sentimentos e conceitos em formas orgânicas, onde texturas e imperfeições revelam a alma do material. Longe de serem objetos utilitários, suas criações são manifestações poéticas do gesto, da matéria e da passagem do tempo.
Longe de buscar o controle, Ellis permite que a argila dite as formas, expressando a liberdade do movimento em cada peça. A técnica do "pinch pot", onde os dedos apertam e orientam o volume da argila, torna-se uma meditação, um diálogo entre a artista e a matéria. As bordas irregulares, a espessura delicada, a ausência de emendas e adornos desnecessários revelam um respeito profundo pela natureza da argila e uma busca por uma estética minimalista e atemporal.
Fotos: Fran Souza
Através de sua marca Ellis Monteiro Cerâmicas, a artista propõe uma nova relação com o objeto, convidando o público a perceber a cerâmica não apenas como um item decorativo, mas como um elemento de conexão entre o artesanato e o cotidiano. Seus objetos são essencialmente atemporais, concebidos a partir de uma estética minimalista que se traduz na escolha contida de cores e materiais: apenas dois tons de argila - clara e escura - e um único tom de esmaltação, o branco fosco. Essa paleta reduzida não apenas reforça a identidade visual de seu trabalho, mas também reflete um compromisso com o consumo consciente e a valorização da singularidade de suas obras. Cada peça nasce sem esboços ou moldes, guiada pelo volume da matéria e pela intuição da artista, como se a argila sussurrasse sua própria forma.
Seu trabalho também carrega um compromisso com a sustentabilidade, minimizando desperdícios e valorizando a procedência da matéria-prima. Para Ellis, a cerâmica não é apenas um ofício, mas uma filosofia de vida que expressa respeito pela terra, pelo tempo e pelo gesto humano. Suas peças, delicadas e resistentes como cascas, são invocações silenciosas da beleza contida na imperfeição, na simplicidade e naquilo que é essencial.




