A Alquimia da Imagem e o Tempo Suspenso
Elaine Pessoa
Não se iluda ao buscar em Elaine Pessoa uma biografia tradicional. Seu percurso artístico é antes uma cartografia sensível, um mapa tecido com fios de luz, sombra e memória. Nascida em São Paulo, sua trajetória é marcada por uma rara combinação: a precisão da Farmácia Industrial e da Administração de Produção, campos onde se graduou e pós-graduou, com a sensibilidade e a liberdade da arte visual. Essa dualidade, aparentemente paradoxal, é a chave para compreender sua obra.
Os primeiros passos na arte foram dados antes mesmo da entrada na FAAP/SP, mas se fortaleceram significativamente após a pós-graduação em fotografia. Foi nesse período que a fotografia se consolidou como um território de experimentação e expressão, tornando-se uma ferramenta essencial para desvendar o mundo, capturar instantes fugazes e transformá-los em narrativas visuais atemporais.
A Galeria Mario Cohen, sua representante, é um porto seguro nesse percurso, um espaço onde suas visões encontram eco e ressonância. E o mundo, ávido por suas criações, acolheu suas obras em coleções privadas e públicas, da Pinacoteca do Estado de São Paulo ao Sakima Art Museum, no Japão, da La Conserverie, na França, ao Print & Drawings Cabinet in Cremona Civic Museum, na Itália, do Florean Museum, na Romênia, à The Americas Biennial Exhibition of Contemporary Prints, nos EUA.
Elaine Pessoa não se limita a registrar o visível, mas sim, a revelar o invisível. Suas fotografias, gravuras e instalações são carregadas de simbolismo e poesia, convidando o espectador a uma reflexão sobre o tempo, a memória, a identidade e a natureza. Seus projetos, como o "Animus" na Amostra\23 - NowHere - Lisboa/PT, e a exposição individual "Exploratorius" na Galeria Mario Cohen, são verdadeiras imersões em seu universo particular, onde o real e o imaginário se fundem em uma experiência estética única.
Indicada para o Prêmio Pipa 2022, Elaine Pessoa é também uma exímia fotolivrista, com sete publicações que exploram temas como a passagem do tempo ("Tempo Arenoso", premiado em 2015), a beleza efêmera da natureza ("Nimbus", "Paysages") e a busca por identidade ("100 # fim", "Los Cerros"). Sua atuação na Fotô Editorial, ao lado de outros artistas e editores, demonstra seu compromisso com a difusão da fotografia e a valorização do livro como objeto de arte.
A constante experimentação, a busca por novos caminhos e a paixão pela arte são os pilares que sustentam a trajetória de Elaine Pessoa. Sua obra é um convite a desacelerar, a contemplar o mundo com um olhar atento e a descobrir a beleza que se esconde nos detalhes. Elaine Pessoa é uma alquimista da imagem, que transforma o tempo em arte e a arte em eternidade.
