A Expansão do Sagrado Afro-Brasileiro no Novo Cotidiano

André Mustafá

Um artista de raízes profundas e identidade rica, nos oferece um olhar raro e introspectivo sobre o universo dos Orixás. Desde sua juventude, ele desenvolve uma linguagem própria, na qual a pintura e a performance se entrelaçam em uma investigação visual intensa sobre a natureza humana e o divino. Em seu trabalho, Mustafá propõe uma releitura das divindades afro-brasileiras, explorando a vida cotidiana dos Orixás fora do espaço estritamente religioso, conectando-os a temas como amor, ciúme, proteção e conflitos humanos.
A trajetória de Mustafá é marcada por sua vivência entre o Brasil e a Europa, onde construiu uma ponte de diálogos culturais e espirituais. Desde sua formação inicial como artista, ele expandiu seu repertório através de estudos na Alemanha, onde, em 1996, apresentou "Meninos de Rua," com apoio do Goethe Institut, uma exposição que abordou temas de vulnerabilidade social em paralelo com o espetáculo Strasse Hamlet, rodando várias cidades alemãs. Em 2001, ingressou no curso de Bacharelado em Direção Teatral pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), onde se aprofundou no estudo da etnocenologia, explorando o corpo humano como canal sensorial e veículo de comunicação. Esses anos de estudo resultaram em uma abordagem sensorial, na qual corpo e espírito coexistem em plena conexão com o universo afro-brasileiro.
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A pesquisa artística de Mustafá incorpora suas vivências espirituais, especialmente após sua consagração ao Orixá Ogun em 2008, assumindo a posição de Balogun no terreiro Ilê Axé Opô Afonjá, sob a liderança da renomada yalorixá Mãe Stella de Oxóssi. Sua obra reflete esse elo com os ancestrais, abordando temas intensos como vida, morte, nascimento, prazer e perdas. Mustafá oferece uma estética visual e conceitual que questiona a relação entre sagrado e profano, revelando como a espiritualidade e o axé se fortalecem a partir de experiências extremas e da própria solitude do artista.
Em Portugal, Mustafá encontra novos significados para sua produção artística. Longe de suas raízes familiares e culturais, ele se conecta profundamente à "família espiritual" e à memória ancestral africana, reforçando o vínculo com o sagrado em meio à saudade. Ao explorar temas universais através de suas obras, ele dialoga com a questão de onde o sagrado reside no ser humano e como a cultura pode moldar e sustentar a identidade individual mesmo em terras estrangeiras. Sua vivência europeia trouxe uma visão renovada sobre o afeto sensorial afro-brasileiro e inspirou novas reflexões sobre a natureza do sagrado.
André Mustafá imprime em suas obras uma autenticidade inigualável, onde cores e formas capturam a força e a simplicidade dos Orixás em seu cotidiano. Suas criações são representações visuais e expressões vivas e contemplativas que convidam o espectador a se questionar sobre sua própria espiritualidade e a se conectar com o universo ancestral. Sua visão é uma poderosa afirmação da relevância contínua da cultura afro-brasileira no cenário global e um chamado à renovação pessoal e coletiva por meio da arte.Sua arte, cheia de vida e profundidade, celebra a herança dos ancestrais enquanto inspira novos diálogos e conexões.
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